02 junho 2006

Regresso


Ao abrir a porta, o seu ranger transporta-me para um mundo ancestral.
Há nas estantes vazias, fantasmas dos livros que não foram lidos.
Correntes de ar invadem a casa, onde tudo está abandonado, onde as folhas jazem espalhadas pelo chão.
Há vestígios de sombras e pegadas no pó dos tempos.
Canções de embalar pairam como espectros à espera de um sinal para regressarem.
Continuam a vibrar as vozes de antigamente e as guitarras ainda tocam baixinho ao anoitecer.
Um sussurro passa debaixo da porta...
O vento empurra-me devagar e rodopio descalça para te encontrar de mão estendida, pedindo-me a primeira dança.
Tudo é de encantar como nos contos de outrora.
São tesouros perdidos de sonhos não sonhados.
São raios de sol perdidos nos meus oceanos.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Dançar, dançar, dançar com o vento, dançar no vento...
Ela queria dançar, mas não tinha mais folêgo.
Podia ainda fechar os olhos e se sonhar dançando, ouvir os compassos, sabia a coreografia, sentia na pele o tom certo onde entrar, contava os passos, marcava nos dedos, estalava na espinha o frio da hora certa de girar.
Não tinha a energia, contudo podia sonhar.
Agitar a ponta dos pés num sapateado imaginário, esticar o corpo num solo lento de um cisne que se esvai...
Odile e Odete, de novo preto e branco...
Nada como um lago para sonhar...
Nada como fechar os olhos e dançar..."

19:11  

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