09 setembro 2012

Sou

Sou mais de que um pensamento.
Sou mais do que uma recordação.
Sou mais do que uma leve brisa ou um furacão.
Sou mais do que um pedaço de carne, ossos ou essência.
Sou mais do que um espírito livre.
Sou mais do que uma lembrança.
Sou mais do que um esquecimento.
Sou muito mais além.
Sou aqui, sou agora, sou o antigamente.
Sou para sempre.

05 setembro 2012

Sangue!


És esperança com sabor metálico. 
És luxúria escarlate, que fervilha languidamente no meu corpo exangue.   
Trazes felicidade num ritmo compassado, mas logo te revoltas para seres pânico frenético. 
És a corrente da vida e o rastilho da morte. 
Desejo cheirar-te, sentir-te, mas, acima de tudo, quero saborear-te num pecado confessado de gula medonha.  
És o veneno do meu intelecto e o antídoto da minha existência.
Amo-te sangue meu, elíxir da minha vida.

11 outubro 2011

Noite de verão

Enquanto pintavas, o som das cigarras distraiu-te e salpicos de luz soltaram-se do teu pincel espalhando-se no infinito.
Dando gargalhadas, deitei-me a teu lado.
A relva ainda estava quente da ternura do sol, e, embalada pelos sons da noite, comecei a perder-me na tela negra que se estende por cima de nós.
Como num livro escrito com palavras soltas, começo a dar asas à minha imaginação e parto numa longa viagem em direcção a todos os lugares que fui construindo ao longo do tempo.
Infinitos são esses sítios como o são os pensamentos que percorrem as linhas da minha mão. Tão imensas como as pinceladas incertas deste pintor excêntrico.
Não sabes que o que acabaste de criar vai fazer girar o mundo de milhares de outros artistas, poetas, sonhadores e apaixonados.
E foi aqui, feliz naquele instante perdido no tempo, que me desfiz em pó. E, com medo de me perder, todos os salpicos de luz absorveram-me para que tu te lembrasses de mim quando também te perdesses na grandiosidade desta noite sem fim!

04 outubro 2011

Tua menina

Nos dias em que fui menina, tinha-te no brilho dos meus olhos e eras o eixo à volta do qual o meu mundo girava.
Eras a minha felicidade e eu pedia a tua atenção com as minhas traquinices e o meu jeito tagarela. Muitas vezes, o ciúme não me deixava partilhar-te com mais ninguém.
Um dia veio e eu cresci e tu mudaste...
O meu mundo tão brilhante e cheio de cores e de cheiros mágicos transformou-se em cinza e o que não se queimou foi escurecendo.
O meu olhar perdeu o brilho e comecei a refugiar-me no escuro.
Nada mais foi igual e comecei a querer escapar à realidade. Desejei que tudo se evaporasse como água que ferve. Desejei ganhar asas e voar para longe de ti.
E chegou o dia em que tudo se realizou...
Hoje, o sorriso quer sair do esconderijo quando a memória dos últimos instantes me surpreende quando menos espero. A lágrima mistura-se com o tímido sorriso ao lembrar que te tive uma última vez. Por momentos, gravados a fogo, devolveste-me o sonho e voltei a enroscar-me no teu ninho.
E por breves e efémeros momentos voltaste a ser o meu pai!!

Sempre tua menina de olhos brilhantes de amor e admiração...

07 novembro 2010

E se...

E se voltasse a escrever aqui? Tenho saudades... :) Talvez o faça!

30 setembro 2009

Dança


Danças ao teu ritmo, sem música.
No escuro, o bater dos corações é o que te faz vibrar sob o luar fantasma.
Ninguém te vê, ninguém sabe que aqui estás.

No movimento sensual das tuas curvas, todos te querem tocar, mas és apenas alucinação nos vapores da noite.
Queres pertencer de novo ao seu mundo, queres passar nos lugares onde o teu olhar penetra nas suas vidas e jamais te esquecem.
Invades o seu sono, provocando sonhos delirantes sem sentido. Esperam pela noite seguinte para continuar a vislumbrar-te na neblina, o teu rosto e os teus gestos insinuantes.
O teu riso de cristal fá-los transpirar por mais.
Flutuando desnuda, voltas na madrugada húmida e esperas...
Alguém irá deixar este mundo para te suplicar.

08 março 2009

Uma rosa...


Apenas ser a rosa.

Apenas ser o sonho rodeado de espinhos, a vida com pétalas de rubi.

O verde das suas folhas, reluzente pelos fluídos da madrugada e banhado pelo sol da manhã, reflectem no teu olhar o amor eterno e efémero.

Algo estremece nos meus sentidos quando, num gesto subtil, os meus dedos acariciam as pétalas vermelhas e carnudas.

A penumbra cresce à medida que a palete de cores do crepúsculo se desvanece.

Na Terra finita e sem limites, não vemos para além do alcance dos olhos e as pétalas fecham-se no deleite da luz absorvida, com o prazer abandonado nos lençóis da luxúria.

E quando o primeiro raio romper de novo pelo jardim secreto, estarei à espera para te acolher no orvalho da madrugada.