Rainha do Mundo Ancião

Parti à descoberta do elixir que queimará a tatuagem no meu ventre.
Quantas são as margens que tenho de atravessar?
Na longínqua montanha que tenho de subir, encontrarei aquele de quem falas?
No animal fantástico, que me descreveste, haverá mesmo a magia pura, imaculada?
Apanhaste a lágrima que corria no meu rosto transfigurado e um cristal saiu da palma da tua mão.
Penduraste-o ao meu peito, estava quente.
Levei-o aos lábios para o beijar, era salgado.
Sinto em mim a metamorfose que a lenda professava, mas eu não sou digna do ceptro desse mundo ancião.
As pétalas, que separaste dos espinhos, beijam-me a pele, misturando o seu perfume ao suor quente que me vem da alma.
O vapor das lagoas, que brotam da terra, lava as mágoas de outra vida e fecho os olhos para entrar nesse mundo.
Envolve-me a penumbra, que desce sobre o momento adormecido.
De manhã, chego ao topo e bebo o orvalho do seio da rocha.
Grito com a força que não sabia em mim e de súbito, uma aragem passa e descobre-me o ventre. Uma marca púrpura surge num floreado de traços inexplicáveis.
Sei de cor o que me segredam...