05 setembro 2008

A primeira chuva


O perfume puro e inocente da primeira chuva, que tanto avivou os sonhos da minha infância, inundou-me as narinas e encheu-me a alma de nostalgia.
O cheiro da terra baptizada pela bênção dos céus, é o guia que faz a criança dar o primeiro passo na alvorada e estender a mão para alcançar o que há por descobrir e sentir.
Com a força dos braços nus e possantes, o homem volta no crepúsculo com os frutos maduros e suculentos que colheu do ventre dessa mesma terra .

Sentei-me para sentir a doce chuva no meu rosto e fechei os olhos para observar mais de perto o que o futuro me reserva. Prestes a desvendar o meu fado, a névoa do presente deixou pousar suavemente o seu véu sensual e provocador.
Nada mais saberei enquanto não descobrir dia após dia, passo após passo, as sensações de dor, de perda, de conquista, de paz...

A mente comanda o coração e este devolve-lhe ilusões.

Seguirei os teus passos, mas não serei a tua sombra.

Irei a teu lado, mas não serei o teu encosto...


Toma a minha mão na tua e ensina-me o caminho!