30 outubro 2006

O nosso mundo na tua dor


Tentámos gritar, mas não nos ouviste...

Tentámos escrever, mas não soubeste ler...

Tentámos gemer, mas a tua dor cegou-te e quem tenta curar-te é repudiado por ti...

A nossa ferida chegou demasiado perto do teu rosto de porcelana e esqueceste o que é de longe e de terracota e o nosso clamor aparece nas ilustrações do teu écran frágil...

Submergimos do mundo debaixo do teu chão e pairamos como neblina, como fantasmas que querem fazer parte deste mundo mais uma vez.

Até onde o teu egoísmo, que confundes com caridade, te levará?

Olha para as nossas mãos estendidas, procurando apalpar em ti o sorriso e o amor que aqueles que nos distribuem o pão nos oferecem, querendo em troca apenas o nosso consentimento para se alimentarem da poeira que se levanta à tua passagem.

Essa poeira é a esperança do novo mundo que se criará a partir do velho e renascerá das cinzas para nos oferecer a sua identidade perdida e esquecida.