29 dezembro 2005

Mist of colours

I listen to the music coming far away from me.
The blind wolf howles as I cry dry tears for being nothing.
The world is upside down, just waiting.
And I am a ghost drifting, praying to be.

Somewhere in the lost grazing, I open my arms to grab the winds.
Whirlpools and hurricanes come to claim their hearts.
Rainbows and rain whisper in my mouth and breake into parts.
I bow before them, 'cause they are my kings.

Crash, roll and jump!
Your anger is about to leave.
Spread your wings, let the springs follow down the mountains!
Open your minds, 'cause your hearts don't believe!

19 dezembro 2005

Sou eu

Por todo o lado podemos ir ou podemos ficar.
Há quem fique e há quem se deixe estar.
Há quem exista.
Há quem desapareça deixando as migalhas para depois apanhar.
Eu sou como todos.

Sei resistir aos improváveis momentos em que o monstro nos vem dizer: "I'm bad, I'm really bad!!"

Gosto do cheiro da erva acabada de cortar.
Gosto do perfume que exala da terra que recebeu a chuva.
Gosto do perfume dos recém-nascidos.

O tesouro escondido atrás do espelho ganha pó até ao último sorriso.
E eu choro, para que nunca se descubra.

Nado contra o medo de me afogar.
Salto contra o medo de cair.
Fico quieta à espera de te ouvir.

09 dezembro 2005

Os teus pés


Quando não posso contemplar teu rosto,
Contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
Teus pequenos pés duros,

Eu sei que te sustentam
E que teu doce peso
Sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
A duplicada púrpura
Dos teus mamilos,
A caixa dos teus olhos
Que há pouco levantaram voo,
A larga boca de fruta,
Tua rubra cabeleira,
Pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
É só porque andaram
Sobre a terra e sobre
O vento e sobre a água,
Até me encontrarem.

Pablo Neruda

Os Lusíadas - Canto IX

(..)

mas os fortes mancebos (..) vão topar
com as Deusas despidas que se lavam;
elas começam súbito a gritar,
como que assalto tal não esperavam.
Umas fingindo menos estimar
a vergonha que a força, se lançavam
nuas por entre o mato, aos olhos dando
o que às mãos cobiçosas vão negando.

(..)

Oh que famintos beijos na floresta!
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves! Que ira honesta,
que em risinhos alegres se tornava
o que mais passam na manhã e na sesta,
que Vénus com prazeres inflamava,
melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.

(..)

Luís de Camões