25 março 2006

Na noite em que quem sou...


No lusco-fusco surgem sons e cheiros desconhecidos, nas margens de um rio sem nome, sem distância.
É onde me sento, de olhos fechados, à espera do assobio que conheço tão bem.
Sussura o doce cantar da cotovia, que anticipa a balada do rouxinol.
Seres permanecem no oculto dos estranhos, por esconderem os fantasmas dos amantes que se encontraram um dia, no tempo que nos separa.
É bom recordar as ondas do mar perdido, que nos acariciaram as pernas , enquanto a areia fria da noite supirava os amores, ao toque das nossas pegadas.
Nas rochas nos deitámos, sem esperar por mais nada. O silêncio sorria para o abraçarmos sem pudor.
Num instante, tudo volta, e tudo pousa com um roçagar de asas, enquanto me transformo novamente em mim. Enquanto espero o novo crepúsculo...