25 junho 2008

Partir


Bateu de mansinho numa noite de penumbra.
O vento soprava gélido, e do mar revolto conseguia imaginar o bramido dos navegantes destemidos, lutando com o omnipotente deus do mar, o inominável.
Levantei-me de olhos ainda fechados e abri de par em par a porta velha e podre do meu casebre. Fui fustigada pela cruel rajada, que me penetrou os ossos a precisar de descanso. Não vi ninguém... Mais uma partida do velho rabujento Inverno! Quando estava prestes a adormecer, o som voltou com mais intensidade.
Desta vez, gritei a perguntar quem era. O silêncio foi a resposta...
Levantei-me a resmungar e abri novamente a porta...
A noite transformara-se em dia e o sol crescera assombrosamente. Na praia, o mar acalmara-se e o som das minhas amadas gaivotas enchiam o meu corpo de paz.
Vi-o à minha frente, de braços abertos, sem dizer palavra...
Finalmente, percebi que me indicava o caminho para casa! Parti...

20 junho 2008

Amor


Em queda livre, rodeados de cheiros e sons, fizemos do jardim, o centro do nosso mundo.

Naquele momento e naquele instante, refugiámo-nos no banco, que tomámos como nosso e onde nos tornámos invisíveis aos outros que por ali passavam.

A pele arrepiava-se, divulgando o tornado de sensações que nos guiava os cinco sentidos.

A ti dedico a luz da manhã que me beija os olhos, o primeiro pensamento que me desperta do sono tranquilo para ser parte de ti.

O teu amor faz-me querer descobrir e decorar cada traço do teu rosto, da tua pele... Assim te guardo em cada lugar meu.

Amo-te

17 junho 2008

Pétala


Minha pétala de sorriso desvanecido,
Soltaste-te e tocaste sensualmente o meu corpo.
Pétala, frágil e sedosa, dominaste o jardim do sonho encontrado à beira do caminho sem rumo, e num momento feroz e fútil, decidiste quebrar-te e sair do destino que te foi concedido.
Visitaste cores, cheiros e sensações que há muito desejavas e por todo o lado enchias-te de sabedoria.
Mas não conheces quem te rodeia e quem te conhece deixou de te pertencer.
Dás-te de corpo e alma, enquanto os espinhos te trespassam.
És livre, mas queres prender a vida.
Encolhes-te quando te rejeitam por não saberes quem és.
Minha pétala de sorriso desvanecido, sê voluptuosa e entrega-te, não às pessoas, mas às sensações da vida!